quarta-feira, 1 de abril de 2009

DILEMAS EDUCACIONAIS

Por que participar dos processos educacionais se os mesmos são determinados por manipulação para perpetuar a condição de poder e a desigualdade? Esta é uma pergunta assaz emblemática, porque encerra uma questão ainda não resolvida em nosso país e que diz respeito ao modo como a educação é perpetuada pelas elites com a simples finalidade de reproduzir apenas um modelo de dominação e controle sobre as massas.

O fato de existirem classes sociais dominantes e desigualdade em nossa pátria reforça o argumento de que muitas ações governamentais são apenas uma cortina de fumaça que visam, ipsis literis, contribuir para a domesticação do povo e a repetição dos mecanismos de poder que embargam o desenvolvimento; e,que, por sua vez criam estorvos à emancipação dos indivíduos das malhas do sistema.

Mas, a questão que se levanta como objeção maior é: por que participamos da educação se ela está atrelada a estruturas despóticas que cultuam o atraso e a subserviência das plebes? É momentoso questionar e problematizar essas causas devido ao grau de verdade que elas encerram quando nos alertam da existência de um complô à liberdade e à ascensão dos indivíduos a condições melhores de desenvolvimento intelectual, social e econômico. No entanto, é importante destacar que a participação de todos nós envolve uma questão norteadora e indivisível como disse Freire: “A educação é inevitável”.

Quando encaramos por esse prisma a questão educacional vigente, levantamos uma outra objeção que por seu escopo de argüição e confronto com a realidade abre as portas para um debate consciente que nos leva a idéia tênue de que podemos reinventar a educação nos nossos moldes, ou seja, resignificá-la de maneira mais humana, menos mecanicista e despótica. Isto porque sonhamos ainda com um modelo libertário de ensino que capacite os homens a pensar e viverem sob a égide da liberdade. Não é utópico pensar dessa maneira e, nem tampouco, contraditório afirmar que podemos criar um novo mundo onde a educação sirva ao homem e não o homem a ela.

Precisamos desmistificar ou dessacralizar a educação colocando-a ao nível humano e não considerando-a uma divindade de adoração inalcançável e tirânica que cria ilusões utópicas nos indivíduos e os marionetiza para serem meros reprodutores do sistema ou os “idiotas úteis” do intricado jogo social onde as cartas já estão marcadas de antemão. Na verdade, precisamos descer a educação dos altares sistêmicos da dominação e dos andores sórdidos da ideologia despótica que avilta e tira dos homens a possibilidade de serem eles mesmos num universo de ações transformadoras. Os idola formadores de ilusões precisam ser derrubados de seu pedestal e os processos de aquisição de conhecimento demitificados para atenderem a realidade de se estar mundo e de se fazer parte dele como ator.

Os processos para a aquisição de tais possibilidades certamente esbarrará em muitas barreiras ideológicas e interesses contrários às mudanças. Todavia, a luta contra esses agentes deve ser mantida até o fim como uma forma de contestação e reconhecimento de que sem lutas ou oposição, a vitória se torna inglória e sem razão.


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