quinta-feira, 26 de março de 2009

PLANO DE AULA

Disciplina: Ciências
Assunto: A fauna aquática da lagoa de Araruama
Série: 2a Ano: 2009 - turma: 202
Ensino fundamental
Duração: 1:00

1) Objetivos Gerais:

Ø O aluno, ao final da aula, deverá conhecer as diferentes espécies de peixes e crustáceos que povoam a lagoa de Araruama;
Ø Familiarizar-se com a diversidade marinha de sua região;
Ø Aprimorar seus conhecimentos sobre a importância de preservar o meio-ambiente;

2) Objetivos específicos:

Ø O aluno será capaz de distinguir uma espécie da outra e as suas diferentes peculiaridades;
Ø Enumerar as espécies existentes nesse habitat;
Ø Fazer desenhos no caderno ou em folha específica sobre o que aprendeu durante a aula;

3) Conteúdos:
Os peixes e os crustáceos da lagoa de Araruama e o seu habitat.

2) Metodologia:

a) Fundamento teórico:

Esta aula se basea no Método Comeniano de observação dos objetos diretamente através de demonstrações práticas que permitirão ao aluno assimilar o conteúdo dado por meio das faculdades dos sentidos e do contato com os seres da natureza.

b) Estratégia:

1° momento: Apresentação das diferentes espécies em um vídeo no computador;
2°momento:Explicação do conteúdo do vídeo;
3° momento: Trabalho com pintura e desenho;

c) Recursos didáticos:

Vídeos, gravuras,quadro,lápis de cor canetinha, folhas.


3) Avaliação:

Oral e escrita através de leitura das imagens dadas e da produção de desenhos e pinturas com o tema proposto em aula.

4) Bibliografia:

HAIDT, Regina Célia Cazaux.São Paulo: Ática,1994.

Prática, Reflexão e Ação

Diante das novas realidades educacionais vigentes e dos desafios apresentados no cotidiano escolar de nosso tempo, o professor precisa estar contextualizado com os paradigmas culturais em ebulição, e, sobretudo, embasado numa reflexão pormenorizada de sua própria práxis. A necessidade de se repensar a prática docente no afã de se alcançar objetivos palpáveis na esfera da ação de educar, transcende indubitavelmente todos os esforços institucionais e teóricos; pois é na práxis que o verdadeiro educador reflete o sucesso ou o fracasso de sua metodologia.

Educar, portanto, constitui-se acima de qualquer conceituação como ato de profunda reflexão e preparo docente, tendo como alvo específico produzir resultados dinâmicos e transformadores na vida de outras pessoas. Uma ponderação mais detida e profunda sobre a questão educacional contemporânea nos fará entender que ensinar envolve além de preparo intelectual, intenso engajamento do profissional envolvido. Caso contrário corre-se o risco de se repetir as mesmas experiências frustrantes de muitos educadores, que relapsos no que tange ao aprimoramento de suas técnicas e aquisição de capital cultural sólido, sofrem os revezes de suas próprias práticas não afeitas aos aspectos dinâmicos da evolução do conhecimento humano.

A necessidade de repensar a própria prática, segundo o autor, caracteriza o bom profissional de educação, que não mede esforços para alcançar objetivos sadios no terreno em que outros por negligência ou por não estarem a par de sua própria limitação, não conseguiram êxitos dignos de nota. Essa pertinácia em se alcançar um resultado inédito ou mesmo permanecer numa posição de busca de excelência para se alcançar metas pretendidas, não faz desse ou daquele educador melhor do que os outros. A diferença está basicamente no nível de compreensão que esse tem dos seus limites enquanto educador, e na persistência desprendida pelo mesmo para reverter a sua própria condição de incipiência diante da problemática apresentada no contexto docente.

Os métodos nem sempre são eficazes em certas situações. As teorias também podem ser inócuas diante de certas dificuldades apresentadas por determinado aluno em sala de aula, o que demandará do educador um certo amanho empírico para tratar a deficiência de maneira que a dificuldade seja superada e o educando possa vencer sua própria deficiência diante do problema que se lhe afigura como barreira à aprendizagem. Experiência e capacidade crítico-reflexiva podem dar a direção correta para se estabelecer a verdadeira práxis que delimitará a eficiência do método ou a sua deficiência em criar um ponto de contato professor-aluno que remova os obstáculos existentes.

O aluno que não teve acesso à escola em sua infância, e, que, por isso, precisa freqüentar uma classe de EJA; certamente precisará contar com a boa disposição do professor para orientá-lo sobre os caminhos para a aquisição dos saberes necessários para que ele domine a leitura e a escrita. Mais do que isso, ele necessitará de um profissional sensível a sua dificuldade, como também inteiramente capacitado para compreendê-lo em sua carência educacional e lhe propor o melhor caminho para saná- la. Somente um profissional que reflete a sua prática e a contextualiza de forma continua com a realidade hodierna pode encarar esse desafio sem desanimar.

segunda-feira, 23 de março de 2009

OS DESCAMINHOS DA CULTURA

Num primeiro momento, somos confrontados com a realidade multiforme do conceito de cultura, suas complexidades, aplicações e problemáticas inerentes aos seus aspectos sócio-históricos e educacionais envolvidos. Algumas questões são levantadas e ponderadas detidamente sobre a importância da cultura em suas mais variadas nuances e a sua restrita proximidade com as concepções educacionais que se sucedem e perpetuam-se ao longo dos séculos.

A dificuldade de análise de tão vasto e inesgotável tema é verificada, exatamente, devido à imensidade de informação existente no universo em que a cultura esta inserida; e também pelos desníveis perceptíveis no processo de assimilação e valorização desses dados em sua contemporaneidade dentro do contexto da educação brasileira em seus mais variados níveis. Como pensar a educação, portanto, diante desse mar de possibilidades infinitas de manifestações de cultura e da diversificação ramificada dessa cultura ao longo de todo o transcurso do desenvolvimento humano na conjuntura do tempo histórico em que a mesma ocorre e se transforma de acordo com as influências internas e externas que sofre?

Esta questão pode ser respondida da seguinte forma: permitindo que a cultura seja livre para ser o que é em sua dinâmica capacidade de se recriar em um mundo de possibilidades infinitas de atuação. As ingerências que a cultura sofre dos mecanismos de perpetuação de valores herdados e que se posicionam absolutos e impositivos sobre as flexibilizações culturais que se dão com o avanço da modernidade, criam entraves às novas maneiras de se comportar diante da cultura e ao mesmo tempo resignificá-la.

Na verdade, a Cultura de um povo e as suas mais profundas manifestações não são um invólucro fechado sobre o qual não se possa intervir e condicionar à maleabilidade das transformações que se dão no mundo e nos próprios homens. Caso contrário, a própria manifestação cultural uma vez cristalizada e hermeticamente fechada às metamorfoses temporais, tornar-se-ia anacrônica e completamente afeita à caducidade e ao esquecimento. A inovação e os acréscimos culturais, observados alguns critérios, permitem que os valores culturais se reinventem e se dinamizem.

A transmissão da cultura pode se dar de uma forma ou de outra por meios alheatórios ou conscientes. Nem sempre, todavia, o processo de aculturação ou o aculturamento de um povo reflete verdadeiramente a sua vontade recíproca e cordata diante do processo de assimilação de determinada cultura. Obviamente que a existência de inúmeras culturas coexistindo em um mesmo ambiente sócio-histórico tende a criar um espécie de embate cultural que pode descambar em extinção ou substituição de tal cultura por uma subcultura ; e, ainda, pode ocorrer a prevalência da cultura dominante sobre a dominada.Nestes casos usa-se, portanto, os instrumentos da beligerância e do poder para impor-se sobre os que, na visão dos que impõem, são considerados inferiores e, por isso, devem aceitar sem resistência os valores, os hábitos, a língua e a própria ideologia imposta.

Os europeus, por exemplo, no esforço de “humanizar” os silvícolas sul-americanos, lançaram mão de expedientes catequéticos com intuito de transmitir instrução segundo os seus moldes. Neste caso, não houve um troca cultural; mas, sim, uma arbitrariedade sobre o direito de escolha e um desrespeito à cultura desconsiderada. No colonialismo europeu, iniciado na idade moderna, ocorre o aniquilamento da cultura indígena, com suas repercussões negativas( massacres, subserviência, escravidão), para dar lugar aos processos civilizatorios segundo os padrões europeus. O fato histórico dessa dominação e desrespeito impositivos visualizados em nosso passado colonial, repercute de modo significativo no falso discurso de igualdade e direitos iguais dentro dos processos educacionais brasileiros. Basta olharmos para os cargos de alto nível de nossa nação e percebermos quem de fato os ocupa. Se a educação é um direito e, portanto, é assegurada a todos; por que ainda prevalecem os altos índices de analfabetismo e exclusão em um país que supostamente se considera democrático?

Há de se considerar que a conjuntura favorece os que perpetuam o status quo na sociedade, a quem não interessa que as massas tenham acesso aos processos de letramento e absorção cultural. Quanto mais ignorância e desigualdade, pouco ameaçados estarão os herdeiros do espólio colonialista e despótico desta nação de excluídos e parias sem qualquer representação social.


domingo, 22 de março de 2009

REFLEXÕES EM PAULO FREIRE

Em sua concepção bancária da Educação, Paulo Freire, revela o lado conteudista e reprodutivista do ensino. Sua visão crítica apresenta o atual modelo de docência como mero reprodutor de conceitos e reverberador de uma ação docente embasada no objeto passivo, ou seja, tem o aluno como mero receptáculo de conteúdos, anulando-o como indivíduo pensante capaz de interagir com o professor na ação de produzir o conhecimento.

Esta reflexão levanta questões muito profundas sobre a maneira como o ensino é transmitido, e, de como esse mesmo ensino é assimilado pelo educando. Considerando que o professor conforme nos descreve o escritor é a peça fundamental do processo em detrimento dos alunos, “ objetos pacientes, ouvintes” ( Freire, 1987, p. 33); o ensino é apenas um depositar contínuo de informações que seguem sempre uma mesma direção traçada metodologicamente com a finalidade de conceder aprendizagem por meio da memorização e repetição daquilo que foi depositado na mente dos alunos.

Segundo Paulo Freire, essa narrativa ininterrupta de conteúdos que é apresentada pelos educadores aos alunos, inviabiliza o processo de troca recíproca de saberes adquiridos e de crescimento do indivíduo como ser pensante, o que é danoso para o desenvolvimento de uma mentalidade dinâmica e afeita a mudanças paradigmáticas. Nesta visão, o sujeito que se deixa encher como mero recipiente de vontades alheias é o escravo-sujeito da ação desastrosa dos agentes do não pensar.

O instrumento capaz de criar a mudança dentro desta concepção seria a ação de ser, de estar imiscuído no processo como ator e não como ouvinte. Os alunos devem ser reconhecidos como pessoas que fazem, que criam, que transformam-se através da dialética professor-aluno num intercambio de possibilidades infinitas. Caso contrário, afirma Freire (1987, p.33): “não há criatividade, não há transformação, não há saber”.

A Educação que aliena o indivíduo da realidade de produzir o saber, de se portar como um dos atores do processo é tudo menos Educação. Como o próprio Freire(1987, p33) define: “verbosidade alienada e alienante. Daí que seja mais som que significação”. A apresentação de conteúdos de aprendizagem que visam apenas reproduzir as verdades que o professor concebe como absolutas e inalteráveis, sem espaço para a discussão ou para a discordância dos mesmos, em vez de possibilitar a dinamicidade da produção do conhecimento, engessa as mentes e torna o educando um fantoche obediente e passivo diante de seu mestre – ’poço profundo de conhecimento’!

Uma das palavras que se encaixam perfeitamente nas palavras do renomado mestre em foco, seria o termo alteridade. Somente o reconhecimento das possibilidades do outro, da humanidade do outro, das capacidades do outro poderiam fazer a diferença no processo de educar. A Educação que desumaniza o sujeito cria mentes robotizadas, incapazes de reagir criticamente no mundo; e, portanto, objetos da manipulação e do controle dos que se julgam os donos do saber.

A educação bancária de Freire aponta para a coisificação do ser humano através da manutenção da idéia de que alguns são mais sábios( professores) e os outros ignorantes(alunos). Os primeiros, por esta razão, precisam transmitir seu conhecimento porque se julgam superiores aos demais, perpetuando desta maneira o que Freire(1987, p.33) classificou de: “ideologia da opressão, absolutização da ignorância e alienação da ignorância”.

Tal educação, segundo o autor, é a arma dos opressores e a mola mestra que sustenta toda engrenagem de controle e domínio na sociedade. Enquanto existirem os ingênuos adestrados pelos experts ultramegasábios, que no afã de perpetuarem sua ação despótica, criam meros depositários de conteúdos sem nenhuma criticidade; existirá uma sociedade inebriada por um assistencialismo barato e insano, e também por uma ‘generosidade hipócrita’ - carro chefe dos mantenedores do atraso e da incipiência das massas desqualificadas para o jogo dos tempos hodiernos.
FLEIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido.17 .ed.Rio de Janeiro, Paz e Terra,1987.